Dando continuidade a sequência de posts sobre o mochilão - Peru, Bolívia e Chile, chegou a vez da Bolívia. Superada a ansiedade inicial do primeiro mochilão sozinho, segui no ônibus de Cusco para Puno, com o objetivo de cruzar a fronteira na primeira hora do dia e descobrir Copacabana e a famosa Isla del Sol, uma maravilhosa ilha localizada no Lago Titicaca.
Bolívia
A Bolívia é um país sulamericano localizado na porção centro-oeste do continente, sendo junto do Paraguai os dois únicos países sul-americanos sem saída para o mar. Faz fronteira com Peru, Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. Tem como capital a cidade de La Paz e o fuso horário GMT -4, o que dá uma diferença de 1 hora a menos que Brasília.
A geografia boliviana é muito peculiar. O oeste está localizado na Cordilheira dos Andes, com verões secos e invernos com muito frio e neve. Na porção central encontra-se os altiplanos, onde vive a maior parcela da população. No leste e na fronteira norte-nordeste temos terras baixas com florestas úmidas. No verão quente e úmido e no inverno com muitos ventos.
Destacam-se, ainda, na Bolívia o maior lago da América do Sul em volume de água: Lago TIticaca. Além do maior Deserto de Sal do Mundo, o Salar de Uyuni.
Dados importantes
A língua oficial é o espanhol. Porém, existem 34 línguas indígenas reconhecidas. É notável a variedade linguística ao percorrer o país e observar os nativos. Muitos dos quais falam Quéchua, Aimará e Guarani.
A moeda local é o Boliviano (Bs), de acordo com a taxa de cambio atual 1 Bs equivale a aproximadamente 2 Reais. Porém, como no Peru, poucos são os lugares que aceitam o Real. Moeda estrangeira bem aceita nos comércios e restaurantes é o dólar americano.
Mochilão - Copacabana e Isla del Sol
Copacabana
Copacabana é uma pequena cidade da Bolívia. É famosa por dois motivos bem diferentes. O primeiro deles é por ter sido a origem do nome do conhecidíssimo bairro carioca. O outro por ser uma das principais maneiras de se acessar a também famosa Isla del Sol.
Segundo a lenda o nome surgiu na época da chegada dos espanhóis. Nossa Senhora apareceu para um pescador local que esculpiu uma imagem em sua homenagem às margens do Titicaca. A imagem ficou conhecida como Nossa Senhora de Copacabana. No Séc XVII comerciantes levaram uma réplica para a cidade do Rio de Janeiro e em torno da Igreja Nossa Senhora de Copacabana surgiu o bairro carioca.
A porta de entrada da Ilha do Sol não tem muitos atrativos turísticos, apesar de boa estrutura turística. Tem albergues, hotéis e guest houses. Diversos e variados (qualidade e preço) restaurantes e algumas lojinhas. Para visitar tem a igreja da Virgem de Copacabana e um Calvário, nas proximidades do centro da cidade, com uma excelente vista da cidade. Esse sim é um ponto que merece muito a sua visita.
As margens do Titicaca, numa atmosfera tranquila e relaxada, Copacabana é daqueles lugares que ao chegar você desacelera.
Isla del Sol - Lago Titicaca
A Isla del Sol é uma das maiores ilhas do lago Titicaca. Segundo a lenda local, Viracocha (o criador do Universo) emergiu do Titicaca neste local para criar o Sol. A veracidade dessa lenda é questionável, o que é senso comum é que a Isla del Sol é o lugar mais tranquilo e limpo da Bolívia.
Para chegar na Isla del Sol você deve pegar um barco em Copacabana e ir para a parte norte da ilha. Esse translado leva um pouco mais que 2 horas e te deixa com duas opções. A primeira é desembarcar na parte norte, visitar algumas ruínas e museus, voltar ao barco e navegar para o sul onde ele fará nova pausa. A outra opção e mais recomendada é descer no norte e percorrer os pouco mais que 10 km da ilha a pé. Encontrando o barco novamente no lado sul.
Minha trip - Isla del Sol - Lago Titicaca
Minha trip - Isla del Sol - Lago Titicaca
Muito empolgado com o andamento da trip, com as amizades feitas em Machu Picchu e com a ideia de viajar sozinho arrumei minhas tralhas e segui viagem. O destino era o Lago Titicaca e minha opção era conhecê-lo pelo lado boliviano.
Inicialmente pensei em parar em Puno e conhecer as famosas ilhas flutuantes, mas não coube no roteiro e mudei de ideia. Pensando em economizar planejei a viagem de bus para o período noturno, trocando um dia de hospedagem pela estrada (gastando menos e ganhando tempo). A única surpresa que não foi tão boa é que precisamos ficar algumas horas parados numa rodoviária (acho que em Puno) esperando o horário da fronteira abrir para cruzarmos para a Bolívia.
O lado bom da história foi que nessa espera conheci mais novos amigos. Um alemão e uma holandesa que viajam sozinhos rumo a ilha. Decidimos dividir uma hospedagem em Copacabana.
Chegamos na cidade próximo da hora do almoço, procuramos um hostel e acabamos parando num hotel. Pegamos um quarto grande e rachamos os custos facilitando a vida dos três. Malas guardadas fomos almoçar, apreciar uma cerveja boliviana e conhecer a cidade. Uma lagarteada às margens do Titicaca após o almoço, passadinha rápida em frente a igreja e subimos ao calvário para apreciar a vista. Mas o interesse mesmo era o dia seguinte.
Acordamos cedinho e por volta das 7:30 já estávamos no ponto de partida dos barcos. Nossa decisão era ir para o norte da ilha, fazer o trekking, pegar o barco no sul da ilha e voltar para copacabana. Trazia apenas uma pequena mochila com câmera, água e dinheiro.
Logo ao descer do barco no norte da ilha avisamos uma espécie de museu e fomos conhecer. Era bem simples e não tinha muita coisa. Logo, deixamos o museu e iniciamos a caminhada. O visual é incrível. O Titicaca tem um azul diferente, uma imensidão de água que lembra um oceano e é uma atmosfera carregada de misticismo.
Caminhamos sem muita pressa. Admirando as diversas ruínas e a vida de algumas famílias locais num ritmo bem peculiar. À medida que a gente ia percorrendo o caminho o nosso grupo ia aumentando e a interação, a vibe da galera, tornou aquele momento ainda mais marcante. Foi um dia e tanto, num passeio muito recomendado.
Na ilha existem alguns hostels e guest houses. Famílias simples, com tradições bem peculiares que recebem as pessoas inserindo-as no contexto daquela cultura. Uma experiência que não desfrutei mas observei com desejo de voltar um dia.
Copacabana e Isla del Sol
- País: Bolívia
- Total dias: 2
- Transportes: Ônibus
- Pontos altos: Sol nascendo na rodoviária (acho que em Puno), jantar em Copacabana (restaurante descendo em direção a ancora, à direita), Visual do Calvário e trekking na Isla del Sol.
- Bad vibe: Pessoas tentando se aproveitar dos visitantes e pedágio cobrado sem aviso no trekking.
- Edinho: A Isla del Sol é um lugar que desacelera. Tem visuais incríveis, daqueles que faz a gente refletir instintivamente sobre como surgiu tudo. Tem uma atmosfera mítica e apreciar sua ruínas com a proximidade que rola faz a gente se imaginar vivendo ali. Mas a altitude cobra um precinho. Poucos passos e você se sente ofegante. Além disso as fortes temperaturas e a necessidade de levar água fazem do desafio ainda mais difícil. Mas o trekking não é difícil. Um pouco desgastante mas bem exequível.