Nem sempre a gente consegue se preparar para uma competição da forma que a gente gostaria… nem sempre no dia da prova as condições são as mais favoráveis… Mais importante que um bom resultado, é o que você aprende com cada desafio que você se propõe a enfrentar… O Rio Triathlon do dia 14 de maio de 2017, foi um desafio e tanto e eu vou contar um pouquinho dessa minha experiência pra vocês.
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A preparação
Diversas questões que precisam ser resolvidas tem me consumido bastante. Esse estresse que tenho vivido no trabalho tem refletido muito no meu baixo desempenho nos treinos. Tenho pulado vários treinos e já sabia que essa prova não seria uma das minhas melhores. Estava preparada para fazer uma boa prova de ciclismo, nadar um pouco pior do que costumo e correr bem abaixo do esperado, mas às vésperas da prova percebi que essa expectativa deveria ser ainda menor.
Fiquei resfriada na semana da prova. Só aí já dei uma bela desanimada. Me mediquei para tentar melhorar, diminui o ritmo de treinos, mas nada. A gripe continuou ali me rondando e me mantendo extremamente cansada. Para completar menstruei na véspera da competição.
Sábado dia 13 foi dia de revezamento de natação na praia de Itaipu (veja fotos aqui). Tinha me comprometido com a minha equipe e queria muito participar. Optei por entrar para nadar apenas 200 m, dando uma volta para não me desgastar, e passei o resto da manhã acompanhando a equipe e me divertindo.
A tarde a cólica chegou com força, toma remédio, bolsa de água quente, descanso… Melhorei um pouco e segui para o Recreio para buscar meu kit. Tudo certo! Já tinha me instalado no hotel que íamos ficar, conversado com as amigas da equipe e jantado. Era hora de arrumar os últimos detalhes da bike e dormir. Ultima surpresa do dia: um raio da bike estava quebrado! Seguiu o estresse para resolver. Liga para o mecânico e amigo de treinos, tenta ver se alguém pode trazer a roda reserva que estava em Niterói, pede socorro, até que o Edinho tem a brilhante ideia de mandar o Uber trazer a roda de Nikit para o Recreio! Ufa! Tudo resolvido: hora de dormir.
A prova
Ficar no hotel da prova foi uma ótima opção. Acordei cedo, arrumei a transição e desci para o café da manhã. Depois foi só caminhar tranquila até a largada a poucos metros de onde estávamos. A cólica e a gripe se mostravam presentes. Estava decidida a largar sem pretensão alguma de terminar a prova.
Natação
Larguei na natação sem afobamento. Tinha me comprometido a fazer uma natação tranquila. O mar estava um pouco agitado e havia alguma dificuldade na navegação, era difícil entender bem para onde eu deveria seguir. Mas, tinham muitos staffs na água que estavam ajudando bastante inclusive com a orientação. Nadei tranquila e terminei a prova em aproximadamente 30 minutos. Sai da água bastante cansada. A respiração ofegante por conta da gripe não me permitiu sequer trotar para a área de transição para buscar a bike. Caminhei lá e segui para o pedal.
Ciclismo
O pedal foi bastante sofrido. Além de um vento muito forte lateral que impedia um bom rendimento do pedal, descobri que com a mudança de roda da bike ela ficou completamente desregulada. Eu mal conseguia mudar de marcha. A bike não correspondia. Como o percurso era plano, optei por escolher uma marcha e não mexer mais nisso. Segui a prova inteira tentando manter a posição clipada para ajudar num melhor rendimento. Com a mudança das regras da prova, o vácuo ficou proibido, o que foi ótimo para o meu treinamento do IM 70.3.
Acabei a segunda volta do pedal exausta e certa de que era hora de parar. Já tinha feito tudo o que podia. Estava cansada e sem forças para brigar com o corpo. Foi quando chegando na área de transição novamente encontrei com a família da Vanessa que ao me ver começou a gritar palavras de incentivo. Não consegui parar. Nessa hora decidi que faria pelo menos uma volta de corrida.
Corrida
Demorei bastante na transição. Conversei um pouco com o Edinho, bebi água, comi alguma coisa. Segui para o meu trote sofrido. A primeira volta da corrida não foi fácil, mas passei por vários amigos que estavam competindo e iniciando a segunda volta da corrida. Todos passaram por mim e me incentivavam. Quando passei pela Ju, foi um momento decisivo na minha prova. Ela me gritou e falou com tanto carinho que tinha certeza que eu completaria a prova que eu me emocionei. Segui firme e me decidi a não mais parar. Ainda na primeira volta da corrida senti um pouco de cólica e decidi caminhar por alguns momentos, logo veio o Gustavo passando por mim e gritando: Ah Bia, andar não, vamos lá!
Me assustei e logo voltei ao meu trote tranquilo que não acabou mais. Permaneci na corridinha light até o final.
Chegada
Completei a prova no pior tempo que já fiz em um triathlon. Pior até mesmo do que o tempo da minha primeira prova quando tinha apenas 10 semanas de treinos. Mas, posso garantir que foi uma das provas que me trouxe um melhor aprendizado. Aprendi que o corpo pode muito mais do que a gente acredita. Que é a cabeça que manda em tudo.Aprendi que se a gente acredita a gente vai lá e faz. Aprendi que é preciso respeitar os limites do corpo, mas que com bom senso a gente pode superar vários deles.
Depois dessa prova acabaram-se as desculpas. Segunda feira no pós prova já queria dar uma descansada e uma molezinha para corpo, foi quando meu treinador pediu para eu avaliar a preguiça… Pulei da cama e segui para o treino de natação no mar. E essa semana ainda não voltei a matar treinos. Sigo mais forte e com menos desculpas para não treinar.
A vida não mudou, continuo com inúmeros problemas no trabalho e poucas horas de um sono tranquilo… Então o que mudou? A cabeça! Agora não tenho mais desculpas… É hora de cumprir a planilha. Se o corpo não está correspondendo como a gente gostaria o mais importante é não esquecer de colocá-lo em movimento. De resto a gente vai do jeito que dá! !