Em Outubro de 2017 eu fui para a Ponte da Fumaça em Resende /RJ para realizar o sonho de fazer o curso de BASE jump , que é o salto de paraquedas de objetos fixos. BASE é a sigla em inglês para Building Antenna Span Earth (em português prédio, antena, ponte e terra ou no caso montanha).
No feriado do dia 02 de outubro eu parti para essa aventura. O Rodrigo Cricket e a Julia Botelho organizaram uma turma para o primeiro salto de BASE, mas como eles já formaram uma galera boa, no fim das contas a parada virou uma BASE trip irada, um encontro de BASE jumpers de vários estados do Brasil, todos formados pela Cricket BASE escola. Foi lindo, feriadão prolongado isolado no interior só dobrando saltando e curtindo uma vibe muito boa com a galera.
O primeiro dia
É muito difícil descrever em palavras o sentimento que envolveu o primeiro dia, um milhão de sentimentos que eu nunca tinha tido na vida. Fizemos um treino em solo e subimos para a ponte. No meu caso os quatro primeiros jumps foram PCA, que é quando outra pessoa segura o pilotinho e extrai o paraquedas quando o jumper entra em queda. É a saída mais segura e a ponte é o lugar perfeito para aprender, já que mesmo que você tenha uma abertura ruim você tem espaço para retirar do objeto caso seja necessário.
No primeiro dia, fiz 2 saltos de PCA e peguei boa parte da dobragem do paraquedas. A dobragem é um ponto muito importante e deve ser feita com muito cuidado e atenção, uma pequena falha nesse processo pode gerar uma abertura irregular e provocar um acidente. Me dediquei com bastante atenção a cada passo.
O segundo dia
No segundo dia levantei cedo e fui dobrar o paraquedas, o vento estava um pouco forte e abortamos o salto por hora por questões de segurança, mas a fissura era grande, então fomos até a outra ponte chamada Fumacinha, um pouquinho mais baixa que a Fumaça. Lá estava apropriado e fizemos um salto de PCA treinando para o hand held que é quando a gente salta e joga o pilotinho para extrair o paraquedas. Eu estava bem nervosa porque eu mesma havia feito a dobragem e a posição mais segura de saída de acordo com o vento era próximo à pilastra, mas fiz o salto e o paraquedas abriu muito bem, ao pousarmos um casal de locais nos pediu para encerrar os saltos, pois o som do paraquedas abrindo estava assustando os animais (parece um trovão), então voltamos para a Fumaça para começar o hand held no fim da tarde quando o vento diminui.
Vim no carro com a Ju e os meninos ficaram organizando os carros. Aproveitei que chegamos bem antes e fui correndo dobrar meu paraquedas por que queria fazer mais um PCA antes de evoluir para o hand held, pois ainda não estava me sentindo sólida na saída. O vento diminuiu. Os meninos chegaram quando eu estava acabando de dobrar e enquanto eles dobravam os paraquedas deles eu subi com a Ju para fazer mais um PCA. A Ju me deu uns betas para acertar o tempo de soltar o pilotinho que fizeram toda diferença. Fiz uma saída muito boa e fiquei confiante para sair de hand held. Dobrei de novo e subi com o pessoal para fazer o terceiro do dia.
Nervosismo batendo de novo, agora dependia só de mim, a abertura do paraquedas seria feita por mim, eu estava nas minhas mãos. Estava contente com a última saída e fui com tudo!. 3, 2, 1 BASE JUMP! Aí sim hein, aí sim eu senti o BASE jump acontecendo, sentir a aceleração, ouvir o barulho do vento aumentando, foi alucinante demais, incrível, sem palavras para expressar. Foi transcendental!
O terceiro e quarto dias
No terceiro dia fiz mais três saltos e no quarto dia fizemos um bem cedinho, mas a condição logo piorou e voltamos para casa. Fechei o curso com 9 saltos e o esporte já virou um vício. Mal posso esperar para ter meu próprio equipamento e poder mandar vários jumps de lugares diferentes.
Os efeitos do curso de BASE jump
Para fazer o curso de BASE jump é necessário ser paraquedista experiente e se a pessoa pratica outros esportes de ação isso agrega muito valor.
Voltei diferente dessa viagem, me conectei com tudo que existe de uma forma nova. Os esportes de ação te levam a um lugar que só através dessa saída da zona de conforto você pode chegar. A conexão com a natureza nesses esportes traz ainda o incremento da energia vital do planeta envolvendo o momento da experiência, cada uma diferente da outra ainda que através do mesmo esporte, no mesmo local.
Gratidão por lerem e até a próxima aventura.