A Corrida de Aventura
A Corrida de aventura é um tipo de competição que envolve diversos esportes Praticado, normalmente, em local que permita muito contato com a natureza, possibilitando momentos de descontração, superação e ao mesmo tempo contemplação de belezas naturais. Devido a variedade de esportes e a característica de auto-suficiência é um esporte que demanda uma complexa logística. Um esporte que tem na fase de planejamento o momento mais importante.
Geralmente as provas são compostas por uma parte de bike, outra a pé, uma prova aquática e uma de técnicas verticais; tudo isso aliado a necessidade de se orientar através de mapas e bússola. Algumas provas podem contar com atividades diferentes como cavalgada, paraquedismo, vela, mas é menos comum.
Dessa grande diversidade de atividades há uma demanda de diferentes materiais muito específicos. No regulamento das provas, normalmente, é previsto, além dos equipamentos técnicos, itens obrigatórios visando a segurança e uma eventual necessidade de primeiros socorros. Esses itens variam desde manta de emergência a medicamentos.
Não existe formato obrigatório, porém a maior parte das competições possui três categorias: quarteto, dupla e solo. Algumas ainda às subdividem em mista, masculino e feminino.
Quem pode participar de uma corrida de aventura
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Para começar
- Saúde em dia
- Desejo de novos desafios
- Busca do contato com a natureza
- Bicicleta e itens de segurança
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Se eu dissesse que qualquer um pode participar de uma corrida de aventura estaria mentindo, porém não precisa ser nenhum super-herói para praticar esse esporte maravilhoso. É primordial um mínimo de preparo físico, estar em dia com a saúde, ter vontade de superar novos desafios e ser desprovido de frescuras tipo “vou sujar meu tênis na lama”. Um conhecimento prévio de mountain bike também é interessante para evitar quedas; Alguém da equipe precisa estar apto para realizar a navegação, afinal manusear bem as cartas topográficas e a bússola é o que define andar pelo caminho certo e cobrir a distância prevista para a prova ou se perder, andar mais e por muito mais tempo.
Onde encontrar
É notável a crescente preocupação com a saúde e a busca de atividades físicas pelos brasileiros. A corrida de aventura acompanha essa crescente busca angariando alguns adeptos. Nas categorias Pro podemos observar, cada vez mais, brasileiros correndo nos circuitos mundiais. O endereço eletrônico nacional que melhor alimenta esse publico é o adventuremag. Lá é possível encontrar dicas para iniciantes, um abrangente calendário de corridas em todo mundo e interessantes artigos de interesse do público de atividades outdoor.
A história de uma primeira vez
A Associação de Corrida de Aventuras do Estado do Rio de Janeiro (ACAERJ) organizou em Aldeia Velha-RJ, no último fim de semana de novembro de 2014 a 1ª Etapa de 2014/2015 do Campeonato Estadual de Corrida de Aventura. Organizada em duas categorias: categoria Pro constituída de um percurso de 50km e categoria Light com 25km de extensão. Com as modalidades de Orientação, Trekking, Mountain Bike, Rapel e Canoinismo. O planejamento inicial era realizar a opção pro, na categoria dupla com minha namorada. Por já possuir certa experiência nesse esporte e ter orientado o treinamento dela julguei que conseguiríamos realizar a prova sem problemas. Porém, devido alguns imprevistos fui impossibilitado de correr e precisamos fazer alguns ajustes de última hora. De dupla na categoria Pro ela passou para solo na categoria light. O grande problema seria a navegação. Ficou combinado que para resolver isso ela correria orientada por um amigo nosso.
Logística
Após o susto inicial da mudança repentina de categoria e da minha ausência na prova, dialogamos decidindo que essa seria uma oportunidade maravilhosa dela se auto-conhecer e debutar nesse maravilhoso esporte, assim começamos a preparar a logística da prova dela que consistia, basicamente de preparar os materiais obrigatórios e a alimentação. Começamos organizando o material em uma pequena mochila de 13 litros. Os itens obrigatórios exigiam um pequeno kit de primeiros socorros, bússola, apito, lanterna e manta de emergência. Na mochila também havia uma jaqueta impermeável e na bike ferramentas para possíveis reparos. Para alimentação compramos: saquinhos de sacolé e enchemos de castanhas do pará e de caju, goji berry, macadâmia e amêndoa, gel repositor com proporção de 4:1 (carboidrato:proteína), amendoim, água e isotônico. O plano era de 15 em 15 minutos se hidratar, intercalando água e isotônico e de 45 em 45 minutos comer algo.
A Prova
Nada mais sincero e emocionante do que as impressões da Bia sobre a prova:
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No início da prova eu estava bastante entusiasmada e ansiosa por ser uma competição completamente diferente de tudo que eu já havia feito na vida. A prova começou com o trekking. A emoção e a dependência da orientação de um amigo, me fez sair em disparada nos primeiros minutos. Resultado: em menos de 5 minutos de prova tive vontade de desistir. Mal tinha começado e eu já estava cansada, com dor de cabeça e esbaforida! “Não vou aguentar. Será que devo desistir?” era o que eu pensava na hora.
Ainda bem que durou poucos segundos. Respirei fundo, diminuí o ritmo, tirei o capacete e a faixa da cabeça que estavam me sufocando, bebi um pouco de água. Pronto. Em mais 10 minutos eu já estava recuperada e voltando ao ritmo de prova. Fui me adaptando à prova, peguei mais leve nas subidas mais pesadas e sempre que o terreno era plano ou tinha uma descidinha eu apertava o ritmo e corria. Assim, acabei me afastando do meu amigo que estava me ajudando. Fui um pouco na frente e ficamos de nos encontrar quando chegássemos no rapel (PC2), mas não foi tão simples como a gente esperava.
Logo após marcarmos a chegada no PC1 segui o caminho que estava marcado por fitas zebradas. Desci por um terreno sem trilha avistando mais duas ou três faixas zebradas e depois acabei me perdendo junto com outros participantes. Chegamos a ser um grupo bem grande de perdidos, mas ao final restamos apenas eu, um casal que corria em dupla e dois amigos que também estavam inscritos na dupla. O que me surpreendeu, e que eu jamais imaginaria, foi que fiquei bem tranqüila nesses momentos de perrengue no meio da mata fechada. Acho que o fato de as pessoas estarem tão dispostas a se ajudarem e a certeza de que havia uma grande preocupação com a segurança por parte dos organizadores contribuíram para isso.
Depois de algumas horas perdida tentando encontrar o caminho do rapel optamos por seguir por dentro do rio. Não dava mais para
seguir na mata fechada, sem saber ao certo para onde ir, cheia de espinhos e aranhas. Mas por dentro do rio também não foi assim tão fácil. Acabamos antecipando a modalidade do canionismo. Algumas caneladas nas pedras do rio, escorregões e caminhada lenta nos renderam ainda mais tempo, mas foi uma boa estratégia. Encontramos o rapel!!! 😀
Além da felicidade de encontrar o rapel eu tive duas ótimas surpresas o Anderson, meu amigo do começo da prova, estava lá e vi meu namorado que estava fotografando a prova e torcendo por mim. Isso deu uma revigorada na minha energia! O rapel em si foi só alegria, uma queda gostosa de cachoeira e a tranqüilidade de saber que teria nova ajuda na orientação.
Chegamos ao ponto de transição para o pedal. Peguei a bike, tomei um energético e partimos para a pedalada. Confesso que eu e a bike ainda estamos nos familiarizando. Comecei a pedalar há mais ou menos um mês, antes disso as minhas pedaladas se resumiam a poucas voltas em terreno plano. Nos treinos pude perceber que a minha dificuldade principal seria com o domínio da magrela, principalmente nas descidas. Na prova não foi diferente.
Seguimos por caminhos de terra o tempo todo. Tivemos que transpor rios e pular cercas com a bike. Fiz coisas que nunca imaginara. Nos momentos em que entramos em pastos, e era preciso guiar a bike por pequenas canaletas, comecei a levar umas lambadas. Mas entre pequenas quedas e um grande tombo numa descida de trilha, me restaram apenas alguns roxos. Garanto que terminei a prova com muito mais noção de como pedalar do que quando comecei.
Em determinado momento chegamos ao ponto aonde deveria ser feito o canionismo. Deixei a bike e segui rio a dentro em busca do ponto de controle. Foram alguns km por dentro do rio cheio de pedras escorregadias. A essa hora, já mais cansada que antes do rapel, confesso que não achei muito agradável. Muitos tombos, um pouco de dor na coluna começou a aparecer… Mas estava tão feliz de estar participando dessa aventura que me restou o desejo de superar logo aquela etapa.
Terminado o canionismo mais uma vez encontrei o namorado fotógrafo. Deu até tempo dele implicar comigo. Hehehehe Era a energia que me faltava! Peguei a bike e segui por mais alguns pontos de controle até o final da prova.
Uma coisa que me chamou atenção nessa minha primeira experiência na corrida de aventura foi a cordialidade das pessoas. Todas foram muito legais, principalmente nos momentos de perrengue. Tive a oportunidade de encontrar pessoas, trocar ideias, conversar e conhecer o esporte. Além disso, apreciar uma paisagem espetacular e praticar atividade física que é algo que eu amo. O toque final? Fui a primeira colocada da minha categoria. Poucas são as pessoas que se aventuram a praticar uma corrida assim, principalmente mulheres na categoria solo, éramos três na categoria. Foi uma experiência incrível! E eu mais que recomendo! Basta ter um bom preparo físico e amar a natureza. Ah! E para a próxima não vou me furtar a ter umas boas aulas de navegação.
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Resumindo
- A Corrida de Aventura é um tipo de competição de diversos esportes;
- Mountain Bike, Trekking e Orientação são as modalidades que sempre estão presentes;
- É comum encontrar, pelo menos, uma prova aquática e uma prova de técnicas verticais;
- Não existe formato obrigatório, podendo as equipes serem com pessoas de diferentes idades e sexo;
- Vida Saudável, novos desafios e preciosas amizades são características desse meio;
- Adventuremag é, atualmente, o maior veículo nacional do esporte;
- Não tem como se arrepender de competir corrida de aventura.