Croácia
A Croácia é um país irado! Localizado na peninsula balcânica, à leste da Itália, também banhado pelo mar Adriático, faz fronteiras com Eslovênia e Hungria ao norte, com Sérvia, Bósnia à leste e Montenegro ao sul. Apesar de integrar a União Européia desde 2013 sua moeda ainda é o Kuna (Kn). Praticamente em todos os lugares é possível realizar compras com Euro, porém algumas lojas não aceitam moedas (não conseguem trocar nos bancos). Ainda que seja um país “novo”, se tornou independente da Iugoslávia em 1991, por ter integrado diferentes impérios ao longo da sua história é uma região muito rica culturalmente. Mas acreditamos que poucas pessoas vão à Croácia em busca de museus. O que realmente interessa são as belíssimas ilhas e parques nacionais.
Uma semana, nem de longe, é o tempo ideal para visitar a Croácia. Mas era o que eu tinha. A ideia surgiu como consequência da trip organizada para a SLO100, um Ultra Trail Run na Eslovênia. Devido ao fuso horário e a diferença da umidade relativa do ar em relação ao Brasil, resolvi ir para a região da prova com dez dias de antecedência para me aclimatar. Ao vislumbrar a possibilidade de atingir uma meta antiga, empatar a quantidade de países visitados com a idade, preparei a mochila com os apetrechos de trail run, além de barraca, saco de dormir e sapatilha de escalada. Fiz alguns contatos através do couchsurfing, pesquisei bastante, troquei ideia com alguns aventureiros que já exploraram aquelas terras e chegando em Ljubljana aluguei um carro para explorar os picos croatas.
Ilha de Cres
A primeira parada foi a ilha de Cres. Localizada entre a península da Istria, a maior do Mar Adriático, e a ilha de Krk. A ilha é uma das mais extensas da Croácia, se prolongando no sentido norte-sul.
Como chegar?
Para quem não está de carro a melhor pedida é ir para cidade de Rijeka (a terceira maior do país) e pegar um catamarã (mais barato e mais rápido). Como eu estava de carro, passei pela cidade Opatija para trocar dinheiro e depois segui para Zagore, onde está a estação de Brestova. De lá um ferry-boat nos leva até Porozina, no norte da ilha. Para voltar da ilha, como pretendia seguir viagem em direção ao sul do país, optei por pegar o ferry-boat na estação Merag (sudeste da ilha) com destino a estação de Valbiska, na ilha de Krk. Clique aqui para pesquisar todas as estações de ferry-boat. Da ilha de Krk, para chegar ao continente, existe uma ponte. O detalhe é que existe um pedágio na ponte, no sentido continente-Krk.
O que fazer?
Chegando à noite, a melhor pedida foi dirigir para o centro de Cres. Cres Centar é como eles denominam a cidade de Cres, a principal da ilha. Lá existem diversos bares, cafés, algumas lojas e mercados, além de um pequeno porto com diversas lanchas e barcos. O centro é o lugar ideal para abastecer-se de alimentos e para conseguir transporte para as demais vilas da ilha.
No meu caso, Cres Centar foi onde encontrei Ivan, meu anfitrião do couchsurfing e tive uma grata surpresa! O Ivan também estava hospedando a Marie-Louise, uma mochileira, couchsurfer, de 79 anos, cheia de histórias e energia. Foi simplesmente mágico. Eu naturalmente me inspiro em pessoas que acho interessante. Encontrá-la foi visualizar o que espero ser em um futuro distante. Mente aberta para novas experiências, respeitando os próprios limites e compartilhando amor pela vida. Após longas conversas à noite e um divertido café da manhã segui nas andanças.
No Sudoeste da ilha, poucos quilômetros ao sul de Cres encontram-se belíssimas praias para aproveitar o pôr do sol. Destas se destaca a praia de Sv Ivan. Para encontrá-la deve-se dirigir até a vila de Lubenice. Na entrada da vila existe uma cabine de estacionamento onde é cobrada a entrada. Estaciona-se poucos metros a frente e siga em direção ao Oeste até encontrar a trilha. É bom estar animado porque a trilha tem uma variação vertical bem grande. Apesar de curta é muito interessante pois varia o terreno diversas vezes. Começa numa estreita trilha de terra com pedras grandes, passa-se por pedrinhas, floresta de pinheiro e pedrinha de novo até chegar na praia. Um passeio mais que recomendado.
Seguindo as dicas dirigi para o norte até Beli. Uma belíssima vila no nordeste da ilha de Cres. O caminho é através de uma estreita rua que apesar de mão dupla só comporta um carro. Encontrar alguém vindo na contra-mão é engraçado e divertido. Um dos dois precisa andar “alguns” metros de ré. Quase chegando à Beli a estrada faz uma acentuada curva para a direita. Esse é o melhor local para estacionar o carro. Daí em diante duas opções: subir a rua em direção à pensão Tramontana ou descer para a praia.
Subindo a rua que passa pela pensão Tramontana existe uma pequena floresta com diversas trilhas demarcadas. Círculos foram pintados nas pedras indicando os caminhos. Cada cor é referente a um circuito diferente. Essas trilhas percorrem uma região muito rica em fauna e flora. Por ser pouco visitada fora da alta temporada os animais não estão tão acostumados a presença de pessoas. É muito interessante a interação. É possível encontrar vilarejos abandonados, ruínas, labirintos de pedra e símbolos místicos.
Ainda em Beli, existem duas belíssimas praias. Descendo a ladeira que corta o vilarejo em direção ao leste chega-se a praia principal, onde existe uma operadora de mergulho. Em frente a segunda casa da descida, existe uma pequena laje, parecida com uma tampa de caixa d´água. Ali, se você pegar a esquerda, saindo da rua e seguindo por uma pequena trilha por 5 minutos você encontra um pequeno paraíso. Uma linda praia que provavelmente estará deserta. Um verdadeiro convite para parar, armar o acampamento e desfrutar a energia revigorante da natureza.
Acordar com o sol chamando na porta da barraca, nadar sozinho numa praia deserta de águas cristalinas e respirar aquele ar puro é um convite a desfrutar a vida!
Vale a visita. Cres!!!