Como falei no artigo anterior, a excitação por essa viagem era tanta que cheguei desnorteado a Cusco. A ansiedade em viver aquele momento era enorme e o fato de estar sozinho aumentava ainda mais esse sentimento. O pontapé inicial do mochilão era a região de Cusco e Machu Picchu, região que era a capital do antigo Império Inca.
Peru
O Peru é um país sulamericano localizado na porção oeste do continente. Faz fronteira com Equador, Colômbia, Brasil, Bolívia e Chile. Tem como capital a cidade de Lima e o fuso horário GMT -5, o que dá uma diferença de 2 horas a menos que Brasília.
A língua oficial é o espanhol. Porém, em algumas partes do território a população mescla o espanhol com as línguas indígenas Quéchua e Aimará.
A moeda local é o Novo Sol, de acordo com a taxa de cambio atual tem o mesmo valor que a moeda brasileira. Porém poucos são os lugares que aceitam o Real. Moeda estrangeira bem aceita nos comércios e restaurantes é o dólar americano.
O clima é árido tropical na costa, equatorial na região da selva amazônica e de montanha na região da cordilheira. O que confere um baixíssimo índice pluviométrico na costa, chuvas regulares na região amazônica e na região dos andes verão chuvoso (entre dezembro e abril) e inverno seco (junho à setembro).
Mochilão – Cusco e Machu Picchu
Assim defini a minha primeira passagem pelo Peru no início do Mochilão – Cusco e Machu Picchu. Os destinos mais famosos, desejados e esperado do país.
Cusco
Cusco ou Cuzco, como também é conhecida, está localizada no Vale Sagrado dos Incas. É daqueles destinos que todo mochileiro deseja e merece conhecer.
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Dicas para Cusco:
- Seja paciente com a aclimatação;
- Experimente o chá de coca;
- Compare 3 agências antes de visitar as ruínas;
- Aproveite a vida noturna (pelo menos um dia);
- Sente e relaxe na Plaza D´Armas;
- Se perca na região de San Blás; e
- Conheça o Pisco e o Pisco Souer
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A riqueza histórica e cultural da cidade de Cusco é incrível. São diversas as opções de atrações a serem visitadas. Percorrer as vielas do bairro de San Blás fará o mochileiro se lembrar das históricas cidades mineiras. Nessa caminhada te desafio a encontrar a curiosa pedra inca de 12 ângulos.
No fim de tarde, uma parada na Plaza d´Armas é mais que recomendada. Você merece apreciar aquele vai e vem de turistas e ambulantes, curtir um tempinho por ali, recuperar a energia, refletir na vida e planejar os próximos passos.
Pertinho da Plaza d’Armas um passeio que merece a sua visita é o templo do sol, Qorikancha. Onde funciona uma igreja, um convento e existem ruínas da época inca.
Dos tours pelas ruínas incas recomendo muito o passeio do Vale Sagrado. São visitas a sítios arqueológicos onde você tem explicações sobre a cultura inca. O que mais impressiona são as noções de agricultura e meteorologia que esse povo tinha. A conexão entre os ciclos solares e lunares com a organização e as posições das construções incas é algo incrível. Além de que realizando esse passeio você chega a Machu Picchu mais ambientado para entender a “cidade perdida”.
Mal de altura
Por estar a 3400 metros acima do nível do mar, é comum as pessoas sentirem um desconforto nas primeiras horas na cidade. A dica para aclimatação é se hidratar bem, comer alimentos leves e ser paciente. Caminhe respeitando a dificuldade de respirar, faça pequenas pausas e tente não se estressar com isso. Pode acontecer de sentir sintomas como dor de cabeça e problemas estomacais. Nesse caso o indicado é o repouso
Para resolver os casos mais estremos é comum encontrar nas farmácias locais as famosas “soroche pills”. Outra maneira de aliviar os sintomas é tomando o chá de coca ou mastigando as folhas da planta. Diferente do que alguns acreditam, ambos não são práticas proibidas por lá. Só não traga para o Brasil em sua bagagem.
Machu Picchu
O passeio a Machu Picchu é o mais esperado dessa trip. Pra maioria das pessoas é a cereja do bolo, o motivo de ter decidido visitar o Peru. Uma das sete maravilhas do mundo moderno, Patrimônio mundial da UNESCO a “cidade perdida” é o maior símbolo do Império Inca. Visitá-la, mais que um mergulho na história, certamente de levará a diversas reflexões. Alguns falam em boas vibrações, numa vibe diferente e numa energia especial. Outros se encantam pela organização e dimensão. Mas não conheço ninguém que esteve lá e se decepcionou.
Como visitar
Machu Picchu é um dos sítios arqueológicos mais importante e famoso do mundo. A exploração do turismo local desenvolveu diversas formas de explorar esse legado inca. Mochileiros, montanhistas e turistas se mesclam em passeios guiados e em visitas sem guia.
Trilha Inca ou trilha de Salkantay
As trilhas são as opções mais difíceis para acessar Machu Picchu. Um caminho maravilhoso, é verdade, com visuais incríveis de vales, montanhas e sítios arqueológicos. Uma experiência de imersão cultural, que possibilita ao mochileiro sentir e imaginar os áureos tempos da capital do Império Inca. Um passeio que dura entre 4 e 5 dias e exige uma boa dose de preparo e resistência.
Trem, Águas Calientes e ônibus
Outra opção, menos desgastante e bem mais tranquila é indo para Águas Calientes. Uma pequena cidade na base da montanha. Pega-se um trem de Cusco para Ollantaytambo. A única cidade da era inca que ainda é habitada no Peru. Ponto onde há um importante sítio arqueológico a ser visitado e de onde se pega o trem para seguir para Águas Calientes.
Para visitar Machu Picchu nas primeiras horas do dia (muito recomendado pela beleza e para evitar o excesso de turistas) costuma-se pernoitar em Águas Calientes. No dia seguinte, toma-se um ônibus e em cerca de 15 minutos já está na entrada de Machu Picchu.
Quando visitar
Por estar na região dos Andes Centrais do Peru, o ideal para visitar Machu Picchu é buscar a época de seca. Entre os meses de maio e setembro o índice pluviométrico é bem baixo, tornando essa janela de tempo ideal para as visitas.
O verão é uma época bem chuvosa e montanha, altitude, frio e chuva não fazem uma boa combinação.
Minha Experiência
Como minha visita à Machu Picchu estava encaixada no início do meu primeiro mochilão, julgava o tempo mais importante que tudo e acabei não planejando tempo suficiente para fazer a trilha inca. Diante da escassez de tempo e doido pra conhecer tudo, fui de Cusco para Ollantaytambo num tour fechado na Plaza d’Armas em cima da hora.
Ollantaytambo foi o sítio arqueológico mais legal da viagem. Com um guia descontraído e que conhecia bem a história, o grupo interagia bem e era possível imaginar perfeitamente o cotidiano dos incas por ali. Fiquei viajando na esperteza deles e na maneira que conectavam a análise da atmosfera (lua, sol e estrelas) com a agricultura.
Quando fui para o trem com destino a Águas Calientes fiz amizade com três francesas que viajam juntas. Em cinco minutos meu mochilão sozinho já estava inserido em um grupo. (Um dos fatores mais interessantes de viajar sozinho é que a todo momento você interage com as outras pessoas, se você é tímido ou retraído recomendo muito um mochilão sozinho) Para passar o tempo fomos jogando tentando jogar baralho, truco, o que rendeu boas risadas.
Chegando em Águas Calientes todos já tinha hotel reservado. Como eu decidira tudo na última hora, saí a procura de um lugar pra dormir e não foi difícil encontrar.
No dia seguinte acordei pouco antes das cinco, peguei o ônibus e garanti meu lugar na fila de entrada. Fui uma das primeiras pessoas a conhecer Machu Picchu naquele dia e confesso que foi muito emocionante. Um misto de motivos faziam daquele momento especial. Primeiro mochilão, visitar um local que sempre sonhara, a energia do lugar e a felicidade de ver a vida caminhando numa direção que eu pretendia. Que momento emocionante!
Após caminhar toda a manhã resolvi descer para Águas Calientes e conhecer as aguas termais. Confesso que o local não era dos mais atraentes. Com uma água turva e de cheiro forte eu entrei porque estava bem cansado de ficar canelando em Machu Picchu. Essa visita as Termas é um ponto que poderia tranquilamente ficar fora do pacote.
Fim do dia, mais um sonho pra conta, trem para Cusco!
Comprando na internet
Entrada para Machu Picchu
O ticket para Machu Picchu deve ser adquirido no site oficial MachuPicchu.gob.pe. Na entrada do parque não tem bilheteria. Como o número de visitantes por dia é limitado, garanta seu ticket de entrada quando tiver organizando a trip, assim você não corre o risco de ficar de fora.
Trem para Águas Calientes
As duas empresas que operam esse trecho são: Inca Rail e Peru Rail. Porém os tickets de trem não são como as entradas de Machu Picchu. Pode-se comprar diretamente nos pontos de venda das empresas.
Cusco e Machu Picchu – Resumo
- País: Peru
- Total dias: 4
- Transportes: Ônibus do Tour e Trem
- Pontos altos: Comecinho do dia em Machu Picchu, Mirante em Cusco à noite, Pisco Souer, Hostel Loki, curtir a Plaza d’Armas e visitar Ollantaytambo.
- Bad vibe: Águas Calientes não tem nada demais e visitar a termas de Águas Calientes não vai agregar à viagem.
- Edinho: Pra início de mochilão a visita a Cusco e Machu Picchu é uma escolha complexa. O nível de satisfação ao deixar a cidade é tão grande que a expectativa pro resto da trip é gigantesca. Dependendo do roteiro escolhido e do tipo de atividade a desenvolver, você vai correr sério risco de se desapontar. Em contrapartida, escolher Cusco e Machu Picchu como pontapé inicial é garantir o início com o pé direito!