Dados Técnicos
Livro: O rei do mundo - Muhammad Ali e a ascensão de um herói americano
Autor: David Remnick
Tradução de: Celso Nogueira
Editora: Schwarcz
Páginas: 374
ISBN: 978-85-359-1892-2
À venda: R$27,99 no submarino
Resumo
Na noite de 1964, quando Muhammad Ali (ainda Cassius Clay) subiu ao ringue com Sonny Liston, ele era tido como um sujeito irritante, um sujeito que se movimentava e falava demais. Seis rounds mais tarde, Ali não era apenas o mais novo campeão mundial dos pesos pesados - era "um novo tipo de negro", como ele mesmo se denominou.
O rei do mundo reconstitui a trajetória desse lutador que ajudou a transformar a política racial, a cultura popular e a noção de heroísmo dos norte-americanos. Repleto de detalhes saborosos e fotos reveladoras, O rei do mundo mostra Muhammad Ali como uma invenção de si mesmo: desde o menino Cassius e sua infância em Louisville até os treinos obsessivos e a mudança de nome e de religião.
Ao descrever as principais lutas de Ali, David Remnick conseguiu capturar o espírito predominante da época que marcou a grande transformação da mentalidade americana, embalada pela ascensão política dos negros, por conflitos morais e pela disseminação de organizações como a Nação do Islã e a Máfia. Recusando-se a assumir qualquer papel exemplar ou corresponder a expectativas, Muhammad Ali marcou uma das décadas mais intensas do século XX - um tempo em que a vida se constituía de enfrentamentos duros, dentro e fora do ringue.
"texto retirado do site da companhia das letras que publicou o livro no Brasil."
Nota do Edinho
Na semana seguinte a morte de Muhamamad Ali, após tomar um café na Livraria da Travessa, no centro do Rio, encontrei esse livro de bolso. Não levei muita fé, mas curioso comprei. Que descoberta!
David Remnick, atual editor da revista The New Yorker, assina essa obra viciante. Sim, eu digo viciante por experiência própria. Diariamente ando de ônibus, barca, trem e metrô. Isso me rende boas horas de leitura. E enquanto li esse livro o momento do dia que eu mais esperava era a hora da condução.
Remnick narra nesse livro uma fase da história do boxe. Nos introduz num universo de lutadores, políticos, jornalistas e mafiosos. E gostar disso para quem não gosta de boxe, políticos nem de jornalistas e mafiosos soa pelo menos antagônico.
O rei do mundo no apresenta o grande homem que foi Muhammad Ali. Mas o faz de maneira bem diferente de biografias e livros do gênero. Toda narrativa gira em torno de cinco lutas e da atmosfera que envolve esses combates. E as duas primeiras são lutas entre Floyd Patterson e Sonny Liston.
Ali, que tinha sido campeão olímpico em Roma, não figurava no cenário do boxe. Era tido como um garoto falastrão, um fanfarrão. E assim foi conhecido por algum tempo. Mesmo depois de desafiar Liston, acabar com sua invencibilidade e conquistar o cinturão.
Não é de se estranhar isso ao perceber Ali como seguidor do “Nação do Islã”. Uma seita que defendia segregação racial radical e que o planeta seria salvo por um disco voador cheio de próceres negros. Nesta parte do livro, passei a não entender como Ali ficara tão famoso (não conhecia a história dele).
A fama de pacifista veio em uma pergunta sobre a guerra do Vietnã. Desconhecendo o motivo da guerra e sem nem ter ideia de onde era aquele país ele emendou: “Por que eu vou lutar? Não tenho nada contra os vietcongues...” No dia seguinte, a frase estampava a capa do jornal. Uma resposta despretensiosa a uma questão séria que foi dita com verdadeira ignorância. Porém o despertou para estudar o assunto.
Recusou o chamado para a guerra, se tornou um pacifista e perdeu tudo – título dos pesos-pesados, dinheiro de bolsas milionárias, a própria liberdade –, mas se tornou o esportista símbolo de seu tempo.
Um livro para refletir. Pensar nas nossas escolhas, na nossa fé e nos nossos nortes. Livro daqueles que acaba e da vontade de acrescentar páginas para continuar lendo.
Recomendo.