Relato do Oregon – Pacific Crest Trail

Pacific Crest Trail - Oregon

Atualizando os relatos de trilha do Caminho a Dois, depois do relato do Norte da California, chegou a vez do Oregon. Caminho a Dois é uma aventura de Bia e Edinho onde se propuseram a percorrer os 4.268 km da Pacific Crest Trail. Também conhecida como PCT, uma trilha de longo curso que percorre a costa Oeste dos Estados Unidos no sentido longitudinal, conectando a fronteira daquele país com o México até a divisa com o Canadá.

Oregon

A expectativa para o Oregon era de grandes distâncias por dia. Dentro do nosso planejamento, chegaríamos na divisa Califórnia/Oregon no ápice do nosso condicionamento físico e conjugando com as características do terreno iríamos avançar bem. A variedade do desafio na California, percorrendo as dificuldades do Deserto, as altas elevações da Sierra Nevada e as íngremes subidas pós ressuprimento no NorCal, uma pontinha de ansiedade nos fez festejar muito alcançar o primeiro estado a ter uma trilha de divisa a divisa.

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O que esperar do Oregon?

O Oregon foi o primeiro estado da PCT a ter uma trilha completa de fronteira a fronteira, o que ocorreu em 1937. Após percorrer toda a California, o maior dos três estados da Pacific Crest Trail, cruzar a divisa com o Oregon é sinônimo de terreno pouco acidentado. Comparando com a California e com Washington, o Oregon é considerado plano e a dificuldade física da trilha é bem mais moderada. Prepare-se para caminhar por lavas de vulcão e se lembre de um aspecto que carece de atenção: os pontos d’água para reabastecimento.

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A trilha

Com relação a dificuldade técnica, o Oregon é ainda mais fácil que o Norte da California. A trilha, principalmente na parte sul do estado tem poucas subidas, além de ser muito bem demarcada e sinalizada. À medida que se avança para o Norte, trechos de lava vulcânica contribuem para diminuir a velocidade, porém nada desafiador.

Dentro desse quadro, a grande maioria dos thru-hikers percorrem longas distâncias por dia e evitam perder tempo com ressuprimentos e cidades. Apesar de ter muitos lagos, o Oregon tem alguns trechos secos. No famoso Crater Lake National Park existe um trecho de aproximadamente 24 km sem local para reabastecer. Por sorte, um trail angel mantém um cachê de água próximo a State Highway 138 que salva vidas. Outro aspecto interessante do Oregon são os encontros dos SoBo com os NoBo. SoBo são as pessoas que estão percorrendo a PCT no sentido Norte - Sul, enquanto NoBo são os que começaram no México e caminham em direção ao Canadá. Considerando a data ideal de início de ambos, o Oregon se torna o principal ponto de encontro entre as tribos.

Natureza

A variedade experimentada na California, seja pela variação em altimetria, seja pela variação em altitude, praticamente inexiste no Oregon. Comparando com o observado até então a trilha no Oregon é muito mais homogênea. A pequena variação observada na trilha se deve ao fato de por vezes, deixar as florestas de pinheiros para percorrer trechos de lava vulcânica, como por exemplo a região Three Sister Wilderness. 

Outra característica marcante do Oregon são belíssimos lagos. O maior deles é o Crater Lake, o lago mais profundo dos Estados Unidos. O lago é consequência de uma erupção vulcânica ocorrida a quase 7 mil anos. O buraco foi sendo preenchido por água de degelo e chuva, cercado por paredes da cratera e sem nenhum ponto de escoamento.

O último desafio nesse trecho da Pacific Crest Trail é um aviso do que esperar pela frente. Após cruzar a Mount Hood Hwy/Hwy 35 uma longa e direta subida de areia fininha com um belíssimo visual anuncia que os longos trechos planos estão acabando.

Um problema enfrentado no Oregon, para quem percorreu a PCT em 2018, foi a fumaça. As queimadas no Oregon e nos vizinhos Washington e Califórnia, tornaram a temporada consideravelmente desagradável no tocante a qualidade do ar.

Ressuprimento

• Callahan’s Lodge / Medford (refeições, mercado, material, banho, lavanderia) 
• Mazama Village (refeição, mercado)
• Shelter Cove Resort (refeição, mercado, banho)
• Elk Lake Resort (refeição, mercado, material)
• Big Lake Youth Camp (refeição, banho, lavanderia)
• Olalie Lake (refeição)
• Gas Station Hwy 35 (refeição, mercado)

Nossa estratégia de ressuprimento no Oregon foi evitar cidades. Isso porque nosso principal objetivo era percorrer o estado o mais rápido possível. Nesse contexto, o dia que precisamos trocar material acabou sendo o que menos avançamos e acabamos percorrendo 15,2 km.

Foi quando mudamos nosso parâmetro para considerarmos o dia como um Nero. Até essa data era <15km, dali em diante passou a ser <20 km.

Com relação a material, a Bia emagreceu mais ainda e não queria comprar uma terceira calça. Optou por um short para usar por cima do shortinho de compressão. Outra troca foi a camiseta. Ela decidiu comprar uma camiseta Merino Wool e aposentar a de tecido sintético. Essa opção se deu em função do odor. Para ela, a camiseta de merino acabou sendo uma opção melhor que a de material sintético. 

Outra novidade em relação ao material foi a chegada dos tênis de trail running da marca Brooks. Bia estava tendo problemas nos pés devido a umidade. O tênis Keen era muito bom, mas no quesito respirabilidade deixou a desejar. Foi trocar de tênis e o pé melhorar consideravelmente.