Ao se aproximar a próxima prova na distância inédita de 235 Km eu vivo uma expectativa grande. No último sábado fui ao cinema com a Bia assistir Mais forte que o Mundo - A história de José Aldo. Mais um sucesso do cinema nacional, com uma intensidade incrível, daquelas que nos permite sentir cada emoção.
O que mais me chamou a atenção no filme foi a maneira que o diretor apresentou os pensamentos do atleta nos momentos críticos. Uma sequência de flash-backs mesclando lembranças e sentimentos. Tudo muito intenso que me fez lembrar algumas das provas de endurance que corri.
É impressionante como os momentos convivendo com nós mesmos são profundos. Particularmente quando estamos nos desafiando em alguma atividade física, em contato com a natureza, física e emocionalmente debilitados.
Na verdade eu acredito que esse tipo de prova é uma viagem profunda em busca de auto-conhecimento. E quanto mais eu entendo a importância da cabeça nesse tipo de atividade, mais me interesso em estudar o poder da mente nos esportes.
O poder da mente
Desde que iniciei no mundo das ultras, em 2013, eu sinto algumas dores no corpo. Para encontrar a solução fui a uma clínica de tratamento da dor e qualidade de vida, indicado por um amigo triatleta.
Confesso que essa visita superou muito as minhas expectativas. Foi uma ótima experiência, pois além das manipulações e medicamentos homeopáticos recebi uma indicação incrível, um livro. Desperte o seu gigante interior. (O lugar mais barato que encontrei para indicar foi na fnac.
Em breve falarei desse livro no nosso espaço de inspiração.Trata-se de um best seller de Anthony Robbins indicado quando perguntei como fazer para trabalhar minha mente.
É impressionante o resultado imediato que nós somos capaz de gerar se aprendemos a usar a mente. O ponto chave é entender que o responsável por sentirmos prazer ou dor é a maneira com que interpretamos as coisas. Não os acontecimentos em si, como muitos de nós acreditamos.
Nosso cérebro é uma máquina superinteressante e ao entender como programar e utilizar essa máquina passamos a ter a faca e o queijo para transformar os sonhos em realidade.
O poder da mente nos esportes
Se você começa a derrapar, o carro fora de controle, a tendência é olhar para o muro que se aproxima. Mas se continuar a focalizá-lo, é exatamente lá que vai parar. Os pilotos sabem que você vai para onde olha; viaja na direção de seu foco. Se resistir ao medo, tiver fé e focalizar para onde quer ir, suas ações o levarão nessa direção, e se for possível se desviar, você vai conseguir… mas não terá a menor chance se focalizar o que teme. Invariavelmente, as pessoas dizem: Mas você não ia bater de qualquer maneira?” A resposta é que você aumenta suas chances ao focalizar o que quer. Focalizar a solução sempre redunda em seu benefício.
Nas provas de longa duração é incrível perceber como o que está passando na cabeça interfere no desempenho. É curioso e até difícil de acreditar na interferência da vibe no desempenho. Mais interessante ainda é perceber essa transição e trabalhar em busca de entender e adequar os resultados.
Viver esse brainstorm emocional e mental chega a ser muito engraçado. Quando começo a viajar nos pensamentos, a desfrutar aquele momento da prova, entendendo e sentindo o prazer de estar ali, curtindo o visual da natureza, o tempo voa! O relógio parece acelerar e superar os km passa a ser uma atividade extremamente prazerosa.
Em contrapartida, nos momentos que começo a perceber e refletir sobre as dores que estou sentindo, pensar nas dificuldades do percurso e tentar avaliar se o treinamento foi a adequado, o relógio parece girar mais devagar. Tudo o que dói ganha intensidade e o rendimento despenca.
Conversando com uma amiga ela me indicou um post do blog corre mulherada que tem tudo a ver com o poder da mente nos esportes.
A corredora incansável
A norte-americana Diane Van Deren, que se aproximando dos 30 anos de idade começou a ter crises de epilepsia e os medicamentos e tratamentos não faziam efeito. Ela acabou sendo submetida a uma cirurgia no cérebro que foi um sucesso, deu tudo certo e as crises acabaram. Porém, aos poucos foi-se percebendo que Diane perdia a memória de curto prazo.
Esse pequeno problema não causava grandes transtornos e Diane aos poucos foi se aventurando nas ultramaratonas e o pequeno “problema” tornou-se um aliado, minimizando o “cansaço emocional” das provas e auxiliando a atleta a atingir os objetivos. Um exemplo clássico e aplicado do poder mental no desempenho.
A importância do treinamento
É claro que não existem milagres. Ninguém vai se tornar um atleta de ponta em nenhuma atividade se dedicar-se apenas a estudar e se concentrar no poder da mente. A evolução nos esportes requer uma grande dose de transpiração, dedicação e trabalho duro.
Entretanto é inegável que além dos condicionamentos psicomotor e cognitivo o desenvolvimento de atributos da área afetiva é fundamental para o sucesso das nossas atividades.
Desenvolver essa área do conhecimento está diretamente relacionada ao desenvolvimento do poder da mente. Analisando a maioria dos atletas bem sucedidos encontramos em comum algum gatilho mental que os motivam. O segredo do sucesso está no auto-conhecimento, identificando os nossos pontos a melhorar e trabalhando forte pra evoluir.