O meu primeiro triathlon
Ontem dia 08/05/2016 foi o dia do meu primeiro triatlhon. Como falei no post sobre os primeiros passos no triathlon o meu objetivo nesse esporte é completar um Ironman 70.3 no final desse ano. Para isso me programei para fazer pelo menos um triathlon olímpico antes dessa prova e esse dia chegou.
A prepararação
É claro que estava com medo. Consegui fazer apenas 10 semanas de treinos. Estava acima do meu peso e sem treinar a uns meses por conta da conclusão do meu TCC no final do ano passado. A prova a princípio estava marcada para o dia 22/05 e quando ocorreu a mudança de data pensei seriamente em desistir. Foi uma decisão difícil enfrentar essa etapa, nessa distancia com tão pouco tempo de treino. Mas foi a melhor decisão que pude tomar.
Na véspera da prova eu estava um apilha de nervos. Preocupada em deixar tudo em ordem, dormir cedo e chegar com antecedência no dia da prova. Fui com o Edinho, sempre me acompanhando e apoiando, até o local marcado para pegar o kit e assistir o simpósio técnico. Acho que o simpósio só me deixou mais nervosa, não sabia como seria pedalar com tantas pessoas junto, sempre treino sozinha ou no máximo com mais um, e a transição me assustava. Mas nem tudo foi nervosismo. Aproveitei a feira da retirada do kit para comprar uns suplementos que faltavam e um macaquinho que usaria para a prova.
Tudo em ordem era só dormir e esperar o grande dia. Acordei as 4:30h da manhã de domingo. Fui logo me arrumando e preparando o café da manhã reforçado do pré-prova. As 5:30h saímos de Niterói depois de calibrar os pneus da bike, eu o Edinho e a Joana que resolveu ir acompanhar de perto a prova torcendo e dando uma moral para as fotos.
Chegando no local da prova fui a transição. Era tudo ainda muito assustador. Coloquei a bike no lugar dela arrumei o material para o pedal e a corrida e segui para o local da largada no mar. Nesse caminho tive a oportunidade de encontrar a July e a Vanessa, amigas do @brunotrienos que treinam comigo natação no mar, momento para um abraço e desejos de boa prova.
Natação
Assisti a largada do Sprint e dei uma caída no mar. A temperatura estava excelente, mas o mar tinha bastante vagas o que não estava ajudando muito na navegação. Deu a hora de me posicionar para a largada. Emoção a flor da pele, me posicionei e fui. A prova de natação eram 2 voltas de 750m. A primeira volta foi bem ruim. Demorei para encaixar o ritmo e acabei nadando bem mais para a direita da primeira boia. Nadei mais do que precisava e o nervosismo também me atrapalhou. Saí da água ofegante na primeira volta. Mas dei logo de cara com o Edinho me incentivando e fotografando. Entrei na água de volta mais tranquila. Encaixei o ritmo, não errei a navegação e coloquei força nos braços. Consegui sair da água agitada pelas ondas com 27 minutos. Saí satisfeita para a transição.
Ciclismo
A transição do mar para a bike foi demorada. A galera do staff ajudou a tirar a roupa de borracha, mas ainda tinha que colocar a bermuda da bike, meia, sapatilha, colocar os géis de carboidrato no bolso, número de peito, óculos, capacete, e sair correndo para montar na bicicleta e começar o percurso. Isso tudo me custou cerca de 7 minutos.
O ciclismo foi uma delícia. Na primeira parte o asfalto estava lisinho e a bicicleta desenvolvia muito bem. Como demorei na transição e a prova não tinha tantos participantes saí com mais um ou dois para montar na bike e dar início a pedalada. Foi super tranquilo. A prova estava organizada para 2 voltas de 20km. Logo nos primeiros km a July passou por mim me incentivando. Me chamou para andar no vácuo dela. Ainda não domino muito essa técnica, mas tentei andar ali por perto dela por um tempo. Mas o ritmo dela estava pesado pra mim. Ainda tinha muito pela frente e já estava começando a cansar. Deixei ela seguir e voltei para o meu ritmo entre 28km/h e 32km/h. Na parte da prova que passava pela praia da reserva o asfalto estava bem ruim e era o momento que entrava a briga com a cabeça. Vinham pensamentos ruins e eu, seguindo os conselhos de um grande amigo, tentava ver os pensamentos passarem sem me deixar dominar por eles.
Ainda na primeira volta do pedal comecei a sentir muito enjoo. Ânsia de vômito, refluxo e mais pensamentos negativos, mas não me deixei dominar. Levantava do clipe, respirava fundo, bebia água e sabia que iria passar porque aquela prova era minha e eu atingiria a minha meta pessoal: completar o triatlon olímpico dentro do tempo limite da prova. A segunda volta do pedal consegui dar uma forçada maior. O enjoo melhorou, e a ideia não era me poupar para a corrida. Sabia que cada etapa teria a sua dificuldade e eu me planejei para dar o meu máximo em cada uma delas. Na última reta já estava bem cansada. Tomei um pouco de repositor energético, respirei e fui. Completei feliz a etapa do pedal.
Corrida
A transição do pedal para a corrida não foi tão demorada. Tirei a bermuda da bike, troquei a sapatilha pelo tênis e o capacete pela viseira. Completei os 40km de pedal e a transição para a corrida em mais ou menos 1 hora e 25 minutos.
E assim iniciei a etapa final da prova. Tinha 10km de corrida pela frente. Estava cansada. Mas, mais que isso, estava muito enjoada. O enjoo que melhorou na segunda volta da bike veio ainda mais forte no início da corrida. Pernas pesadas da pedalada, enjoo e cansaço. Era esse o momento que minha treinadora me falava que iria chegar e eu teria força para vencer porque tive forças muitas vezes para treinar morta de cansada e sair de casa para treinar “no amor” enquanto corpo e mente me pediam para desistir só por aquele momento.
A corrida foi bem difícil, mas eu já contava com isso, por saber que essa é a minha pior modalidade. Como não estava me sentindo muito bem optei por andar em alguns momentos, principalmente nos momentos em que me sentia mais enjoada. Estabelecia pequenas metas e caminhava numa contagem regressiva, como faz o Edinho algumas vezes nas ultramaratonas dele. Quando acabava aquela contagem era hora de voltar ao trote. A corrida consistia em 2 voltas de 5km. Que tortura! Quando acabei a primeira volta estava completamente sem noção do meu tempo de corrida. Tinha medo de estar fora do horário limite da prova. Estava correndo com um relógio emprestado de um amigo, mas como nunca tinha usado me confundi com as funções e ele marcava 1 hora e 46 de corrida após os primeiros 5 km. Kkkkk. Sabia que tinha algo muito errado, mas nesse momento tive medo de não conseguir completar a prova. Muitas palavras de incentivo tanto dos staffs da prova como dos próprios atletas foram muito importantes. Ninguém me deixava desanimar. Na última volta faltando 2,5km comecei novamente a caminhar, o staff que estava balizando a volta me incentivou muito, deu conselhos para que eu mantivesse sempre a cabeça pra cima e sugeriu que eu caminhasse até o próximo sinal de transito e a partir de lá voltasse a correr. E assim foi, ele gritou de lá e eu voltei a correr.
Quando avistei o portal da chegada não acreditei. Tentei dar toda a energia que me sobrava, confesso que não era muita. Avistei o relógio marcando 3 horas, 9 minutos e 40 segundos. Foi o gás final para que eu corresse por aqueles 20 segundos bem rápido para terminar a prova em 3 horas e 10 minutos. É engraçado como nesses momentos a gente se agarra a qualquer coisa que nos dê energia. Não fazia a menor diferença chegar segundos antes ou depois. Eu estava no tempo planejado por mim e completaria a prova, mas o nosso corpo funciona de uma maneira muito peculiar em momentos como esse. Completei a corrida em 1 hora e 9 minutos e a prova toda em 3:07:59. Fiquei feliz e realizada pelo meu grande feito. Sabia que poderia ter sido melhor na corrida principalmente, e tenho muito que melhorar com relação a minha hidratação, mas isso é trabalho para os próximos meses. Tenho algum tempo para treinar até a minha prova alvo. Hoje estou muito feliz com tudo que aprendi.
Superação de mais um desafio
Essa prova foi muito importante para diminuir minha ansiedade e meus medos. Vi que é possível completar a prova e que não é nenhum bicho de 7 cabeças apesar de exigir do atleta muita dedicação nos treinos. Cada vez mais entendo a filosofia do Edinho que sempre afirma que qualquer um pode completar uma prova difícil, basta querer e se dedicar para isso. Fácil não é, mas é possível transformar sonhos em realidade.
Gosto dessas competições porque sinto que elas me deixam mais forte. Para mim a competição de triatlhon não consiste em parecer forte para os outros, mas em superar meus próprios desafios, superar meus medos e me fortalecer mentalmente. Lembrei muito durante a prova de cada pessoa que me acompanha e confia em mim. Quando tive vontade de desistir lembrei de quantas pessoas estavam torcendo por mim, pessoas que precisavam que eu completasse a prova com todas as minhas dificuldades para que elas também pudessem acreditar em suas próprias metas e sonhos e assim persistissem até chegarem aonde planejam.
Está entregue! 1,5km de natação; 40km de ciclismo e 10km de corrida. E que venham os próximos treinos e desafios.