Oi, gente, eu sou a Bia Carvalho do @mulheresqueescalam e a partir de hoje vou dividir um pouquinho as minhas experiências aqui no Sua Casa é o Mundo.
Hoje vim aqui contar para vocês como foi para mim realizar uma prova de trail running. Eu tenho treinado corrida nos últimos 3 anos, mas não com muita assiduidade e a princípio sem intenção de competir. Comecei a correr com o objetivo de perder peso. Estava a um tempo afastada dos esportes e retomei a atividade física para desestressar.
Entre escaladas, caminhadas, trilhas, exercícios funcionais e natação, resolvi que em julho desse ano correria a meia maratona do Rio, projeto que vinha idealizando a um tempo, mas que ainda não tinha reunido forças para realizar. Depois de completar este desafio queria um objetivo novo que me forçasse a treinar corrida, que está longe de ser o meu esporte favorito. Foi então que surgiu a ideia de uma corrida de montanha.
Sempre via o Edinho indo para as corridas dele em lugares maravilhosos, como ele conta em “Um Trail Run na Eslovenia“, e associando a corrida com o prazer das trilhas. É claro que a princípio essa ideia me pareceu assustadora e inalcançável, até porque o exemplo que tenho perto de mim é de um ultramaratonista de montanha. Mas, aos poucos ele conseguiu desconstruir comigo o mito do super-herói e foi me mostrando que com treino e força de vontade a gente chega aonde quiser.
Escape Trail Run
Depois de pesquisar bastante escolhi a Escape TrailRun. Uma prova de trail running que aconteceu em Arraial do Cabo, interior do Rio de Janeiro, no último domingo, 15 de novembro de 2015. Havia duas opções de distância: 25km e 12km. Cheguei a pensar em 25km, mas achei melhor respeitar a progressividade do esporte e começar em 12km. Decisão acertada!!
Decidida a correr e realizada a inscrição, resolvi chamar uma amiga para correr comigo. Ela logo topou. Era hora de começar a treinar. Quis manter a minha rotina de treinos normal: treinamento funcional 3 vezes na semana, natação na piscina 2 vezes, 2 treinos de corrida semanais e nos fins de semana natação no mar e corrida na trilha. Essa planilha falhou bem mais vezes do que eu gostaria. Os treinos não saíram como planejado: trabalho, estudo, TCC, problemas de saúde, preguiça, cansaço… Enfim, muitas coisas que não nos deixam fazer tudo como gostaríamos.
Fomos para a Arraial no dia 14 de novembro, eu, a Joana e o Edinho, que conseguiu liberar do trabalho e resolver ir dar um apoio para a namorada. Pegamos os kits, fizemos uma boa alimentação no jantar da noite anterior, separamos o equipamento: meias de compressão, cintos e mochilas de hidratação, gel, frutas, isotônico e tênis de trilha. Falando em equipamento, pra quem ta começando e tem alguma dúvida, vale a pena conferir o post: “Como escolher equipamentos de Trail Running“.
Minha prova
A corrida começou as 8h da manhã. O sol já estava quente. O percurso começou na areia. Alguns metros de areia fofa, depois areia dura e uma subida de escadas. Já na escada “trânsito”. A escada era bem estreita e não dava para ultrapassar ninguém. O jeito foi esperar na fila e seguir correndo. Mais algumas subidas em trilhas e paralelepípedos e logo a frente uma descida. Foi quando me deparei com uma longa e demorada fila de pessoas. Single trekking em que não era possível fazer muitas ultrapassagens. A fila estava demorada e foi desanimador. Ver uma descida ainda no início da prova em que eu estava cheia de gás para correr e ter que ficar parada uns 7 a 10 minutos aguardando ser possível iniciar a corrida novamente foi um pouco frustrante.
Passada essa etapa do “engarrafamento” logo pude continuar a minha corrida. Trilhas fechadas com muitos cactos, estradas de terra, sobe e desce constante. Não foi fácil. Cansei muito nas subidas. Quebrei com 50’ de prova. Fiquei sem forças, a energia baixou, fiquei um pouco tonta e comecei a caminhar mais devagar. Reidratei com Gatorade, diminui o ritmo e aos poucos fui me recuperando. Mais à frente comi um purê de frutas e segui em frente. Sempre que tinha um posto de hidratação bebia agua e jogava bastante água na cabeça. O calor me maltrata.
Segui a corrida nesse ritmo de andar e correr. Sempre que encontrava uma subida mais íngreme caminhava com paços curtos, descida era hora de alargar os paços, levantar o joelho e acelerar, nas retas trotava o quanto conseguia. Fui seguindo as dicas da minha treinadora Viviane e do Edinho que resolveu correr ao meu lado me dando força e me ajudando nas técnicas.
Quando completei 1hora e 20 minutos de prova quebrei de cabeça. Comecei a ver muita gente me ultrapassando nas subidas. Eu estava cansada e essa foi a hora do “O que eu tô fazendo aqui!??!??!”. É um momento estranho. Me senti fraca, desanimada, incapaz de cumprir o objetivo que me propus. Desejei estar no mar nadando, ou na praia tomando uma água de coco, ou até no alto de uma montanha apreciando a paisagem. Foi difícil, precisei de um puxão de orelha do Edinho que estava ao meu lado, mas retomei a energia e segui em frente.
Depois, refleti um pouco sobre esse ponto. É chato demais quebrar de cabeça. Mas, acho que esse foi o ponto alto da minha prova. Momento em que me dei conta de como o orgulho está presente dentro de mim. Não me considero orgulhosa normalmente, na verdade nunca seria um adjetivo que me daria. Mas, o que é se não orgulho, sentir-se mal de ver pessoas mais bem preparadas que você? Me senti mal de estar fraca, de não ter mais condições de correr nas subidas, de ver pessoas acima do peso me ultrapassando. Tá anotado um ponto para me analisar melhor, para crescer, para evoluir. Só por isso, já teria valido a pena a corrida.
Mas, a corrida continuou… Mais subidas e descidas, até que olhamos o relógio e vimos que daria para completar a prova para menos de 2h. Foi o ânimo final que faltava. Os últimos 3km foram corridos pensando nisso: dá para correr cada km em menos de 10’. E foi isso que eu fiz. Continuei caminhando nas subidas, dando gás nas descidas, controlando a respiração até que vi a praia. Era momento de pegar a escada e passar pelo pórtico da chegada.
Não pensei duas vezes: desci as escadas correndo e dei um tiro final naquela areia olhando para o cronometro de marcação do início da prova: 1h57’! Completei a minha primeira corrida de trilha! Esgotada, mas com sensação de dever cumprido!
Fica a dica
- Corrida de trilha é bem diferente de corrida de asfalto, seu tempo correndo no asfalto é muito menor do que na trilha, o terreno varia, seu condicionamento parece variar também. Em alguns momentos você se sente forte e veloz e em outros fraco e incapaz de continuar e essa variação ocorre várias vezes durante toda a prova.
- Preparar a alimentação, testando nos treinos o que mais se adapta ao seu organismo, ajuda a não quebrar.
- Não dá para se comparar com o “vizinho do lado”. Olhar alguém correndo rápido na subida ou ver alguém completando a prova em menos tempo que você não pode te desanimar. O importante é a superação pessoal, fazer o seu melhor.
Correr para mim sempre vai ser um desafio, é a minha pior modalidade, é duro, é cansativo, é difícil, mas é por isso que corro: para me superar, para evoluir, para ganhar resistência e fazer melhor aquilo que amo.