Noruega
Simplesmente sensacional! Essa palavra é capaz de definir a Noruega. Terra de vikings, de lendas, muita mitologia e uma natureza exuberante. Possui a moeda forte, uma economia estável e uma grande diversidade de recursos naturais, o que lhe garante ser considerada um dos países com melhor qualidade de vida do mundo. Não por acaso, para aqueles que não tem a fonte de renda vinculada às coroas norueguesas (NOK) os preços praticados na terra dos Trolls é bem salgado. Porém, devido a forte cultura dos noruegueses em pratica de atividades outdoor, esportes de aventura e momentos de lazer ao ar livre é possível tornar a trip pela Escandinávia mais acessível. Uma ótima maneira de pesquisar, planejar, preparar e organizar uma viagem à Noruega é visitando o site visitnorway.
Para ser sincero o desejo de ir à Noruega surgiu de uma foto. Ao saber do casamento de um casal de amigos em Estocolmo, na Suécia. Começamos a pesquisar destinos naturais na região da Escandinávia e nos deparamos com a belíssima imagem do Trolltunga. Desse momento em diante a região dos fiordes noruegueses passou a ter destacada atenção nas nossas pesquisas. Avaliando os valores de translado e com o desejo da Érica e do Caco (os noivos) de se juntarem à nossa expedição, foi fácil concluir que a melhor maneira de explorar cada pedacinho seria alugando um carro. Traçamos um roteiro saindo de Estocolmo para as proximidades da pequena cidade de Tyssedal, para conhecer o tal do Trolltunga; de lá o próximo destino seria Stavanger, onde visitaríamos Preikestolen (a rocha do púlpito) e Kjeragbolten (a pedrinha entalada); no retorno, uma rápida passada por Oslo.
Decidido os principais pontos que visitaríamos o segundo passo foi pensar na logística: onde alugar o carro, preparar a navegação, alimentação e os materiais. Quanto mais tempo essa fase dura, menos são os perrengues e complicações.
#ficaadica Um ótimo local para pesquisar trilhas e estradas é o Wikiloc. Tem uma interface simples e fácil, além de ser possível baixar direto para o GPS sem muita dificuldade.
A trip
Com tudo planejado o ponto de chegada na Escandinávia foi o aeroporto de Estocolmo, onde alugamos um Renault Clio. A versão europeia é um pouco maior, possuindo melhor espaço e acomodou confortavelmente 4 pessoas e as respectivas tralhas. Saímos do aeroporto no fim da manhã e seguimos em direção ao nosso primeiro destino: a pequena localidade de Tyssedal, uma espécie de bairro da cidade de Odda. Porém, paramos cerca de 50 km antes do nosso destino ao encontrarmos um charmoso camping que nos salvou de uma chuvinha chata.
No dia seguinte, renovados, nos encantamos com a beleza que nos rodeava. Belas montanhas, muito verde e um ar puro de revigorar qualquer pulmão. Algumas ovelhas passavam embaladas pelos sinos que chacoalhavam em seus pescoços. Era nossa alvorada. Arrumamos a bagunça e embarcamos rumo à Tyssedal.
Já era dia e a vista da estrada era sensacional. Margeando rios, rodeado por montanhas nos deparamos com uma belíssima cachoeira às margens da estrada, a cachoeira de Låtefossen. Paramos para tirar fotos e admirar aquele lugar. Um estacionamento próximo à cachu tem diversas placas com atrativos e mapas locais. Foi útil e interessante para sanar dúvidas e confirmar que estávamos no caminho certo. Dali para frente percorremos mais 20km e chegamos ao nosso objetivo.
Trolltunga
De Tyssedal é simples encontrar o caminho para a base do trolltunga. Basta seguir pela rodovia 13 prestando atenção nas placas que indiquem Skjeggedal, quando fará uma curva para direita e iniciará uma estreita e íngreme subida. São mais ou menos 7 km de distância e encontrará a área de estacionamento. Existe uma máquina pública onde deverá ser realizado o pagamento para deixar o carro ali. Nesse espaço também estão as ótimas instalações de banheiro, onde é possível pegar água potável, quente ou fria.
Observando à esquerda (de quem chega) está um velho funicular. É ali o início da trilha. O funicular não está em atividade, porém algumas ripas de madeira presas aos batentes do trilho formam uma longa escada que conduz para o alto da montanha. Outra opção é uma trilha que começa à direita do trilho do trem, passando por baixo do mesmo alguns metros acima. Apesar de percorrer o dobro da distância de quem decide ir pela “escadaria” é menos desgastante. Esse caminho conduz a uma região de casas. A partir desse ponto placas indicam a direção do trolltunga.
Outros indicativos do caminho são os tradicionais totens (pedras empilhadas) presente em diversas regiões de travessias e a letra “T” pintada de vermelho nas rochas. Superados os 4 quilômetros iniciais, que tem uma variação vertical de aproximadamente 800m, a trilha fica bem tranquila. Praticamente plana e com um visual espetacular permitindo diversas fotografias de landscape. A cada Km uma placa indica a distância do estacionamento e a distância do trolltunga.
É uma caminhada tranquila, ora passando por lajes de pedra, ora por trilhas de terra batida. Cruzamos com diversas pessoas que faziam o caminho inverso, descendo. Não há necessidade de guias. Na verdade é bem difícil se perder por ali. Após algumas horas de caminhada e a cerca de 1,5 km de distância da famosa pedra encontramos um local ideal para o camping. Ali mesmo armamos nossas barracas num grande platô gramado, às margens de um laguinho, protegido do vento por um paredão rochoso.
Já era próximo ao fim do dia quando chegamos, assim, corremos para poder observar um pouco o nosso destino antes do entardecer. Foi uma boa solução para evitar o crowd. Pudemos admirar aquele visual incrível no fim da primeira jornada, praticamente sozinhos. O silêncio, o cheiro de mato com o vento típico das montanhas tornava aquele momento quase que poético. Voltamos para as proximidades das tendas e fizemos um delicioso jantar, típico de acampamento. Fogareiros e panelinhas, massa e marshmallow. Admiramos a lua que surgia, as montanhas com algumas áreas de neve e a vibe que só esse tipo de atividade tem.
Nas primeiras horas do dia seguinte voltamos para conferir o Trolltunga e seguimos montanha a baixo com a sensação de missão cumprida. A estratégia de dormir próximo ao pico foi o ponto alto desse passeio. A área de camping era agradabilíssima e existia apenas mais umas duas barracas além das nossas. E não precisamos encarar fila para tirar fotos no trolltunga. Evitamos o tráfego de pessoas na trilha tanto para subir quanto para descer. Sem falar que os momentos desfrutando o visual e a beleza da montanha foram mais agradáveis.
Estradas e fiordes
Outro aspecto muito bom dessa trip foram os deslocamentos de carro. O asfalto norueguês é impecável, praticamente não encontramos tráfego na estrada e as paisagens eram pareciam telas de quadro. Diversas vezes fomos forçados a parar o carro para fazer fotos. As estradas percorrem o sudeste noruegueses margeando os fiordes percorrendo vales e montanhas. Por vezes cruzamos longas pontes, em outras túneis, em alguns momentos precisamos de balsas. Em alguns trechos, muito íngremes, a estrada serpenteava a elevação desenhando zigue-zagues que até o GPS parecia ficar incoerente. Nas imagens as estradas cruzavam por cima delas mesmas diversas vezes. Me surpreendi com rotatória e retorno dentro de longos túneis. Dirigir e admirar essa diferente realidade fazia com que as viagens se tornassem verdadeiros passeios e o relógio parecia dobrar a velocidade. Quando nos assustávamos já era hora de parar para comer alguma coisa ou a noite já estava chegando.
O segundo destino planejado era Preikestolen: uma falésia de aproximadamente 25 metros quadrados, localizado sobre o fiorde de Lyse, próximo a Stavanger, uma das principais cidades do sudeste noruegues. Decidimos ir para o camping de mesmo nome, perto do acesso para a trilha que levava à Pupit Rock, como também é conhecida. No camping, interagindo com as pessoas, descobrimos que pela facilidade de acesso e por estarmos num fim de semana, Preikestolen estaria lotada de gente. Facilmente a atividade saiu da nossa lista de prioridades, dando espaço para mais passeios admirando as belezas norueguesas, sem muita gente por perto.
Preikestolen camping era um lugar de estrutura sensacional. Com área para barracas e para alguns motor home, tinha uma ótima estrutura de banheiros contando também com serviço de lavanderia. Uma espécie de mini mercadinho e um café da manhã delicioso. Após mais algumas conversas e olhadinhas no mapa seguimos na direção sudeste para contornar por sul o Lysefjord e a Frafjordheiane, numa estradinha cinematográfica. Saímos bem cedinho e passamos o dia na estrada. Observando diversos landscapes sensacionais. Em dado momento encontramos uma prainha e resolvemos fazer uma pequena pausa. A Érica teve a brilhante ideia de convidar para um mergulho e eu que sou chegado numa furada logo aceitei. Que gelo!!!
Revigorados com aquele banho de lavar a alma seguimos pela estradinha e nos surpreendíamos mais e mais a cada curva. A região parecia uma “plantação de pedrinhas”. Um vale maravilhoso, com um visual inesquecível, cortado por uma estradinha simples, de mão única.
Para quem gosta de escalar, particularmente boulder aquele lugar é um paraíso. Com blocos e mais blocos de pedras, numa vibe completamente bucólica. Paramos inúmeras vezes: para fotografar, para admirar um bloco de gelo entalado numa gretinha, para escalar, para fotografar de novo, para brincar num “cemitério de totens”, para fotografar mais até que nos aproximamos de Kjerag e uma cena engraçadíssima ocorreu:
Um ônibus subia a ladeira pela estradinha de mão única quando nos encontramos, frente a frente. Nem pensei duas vezes, engatei a ré e comecei a manobrar para dar lugar.
Ele era grande, ocupava toda a estrada, porém não conseguia encontrar espaço para dar passagem. E assim fomos por longos metros. À medida que andávamos eu observava pessoas chegando à frente no segundo andar do busão para ver o que tava rolando. Até que “milagrosamente” surgiu uma entradinha para eu dar passagem. As pessoas na janela começaram a aplaudir freneticamente e nós, no carro, éramos só risadas.
Kjeragbolten
Kjergagbolten é um boulder localizado nas montanhas de Kjerag, em Rogaland, na Noruega. Essa pedrinha entalada é facilmente acessada realizando uma caminhada de algumas horas. Sinceramente, mais impressionante que a pedra são os inúmeros visuais incríveis que podemos observar nesse caminho.
Pegamos as coordenadas no wikiloc e bastou seguir a rota. Como chegamos próximo do fim do dia, decidimos iniciar a caminhada e parar para dormir logo no primeiro vale que encontramos, deixando para começar a caminhada no alvorecer do dia seguinte. Encontramos uma boa elevação que protegia do forte vento do fiorde e apesar de demorarmos um pouco acabamos achando um platô ideal onde montamos as barracas cozinhamos e apagamos rapidinho.
No dia seguinte como planejado, iniciamos a caminhada praticamente sozinhos, nas primeiras luzes da manhã. As montanhas de Kjerag estão debruçadas sobre o Fiorde de Lyse. Estendendo-se num sentido latitudinal. A caminhada por ali é tranquila. Apesar de ser uma trilha mais técnica, é menos cansativa que a trilha do Trolltunga e possui uma beleza diferente, visto que quase a totalidade da trilha se da cruzando lajes de pedra.
As marcações com “T” pintado de vermelho na rocha, aliadas aos totens não permitem errar. É possível se orientar a todo tempo observando essas marcações. Se em algum momento você não estiver vendo totem ou “T” pare e volte que o caminho está errado.
Devido ao horário que começamos quase não tinha gente no caminho, porém na volta nos deparamos com um intenso tráfego de pessoas, muita gente mesmo. Observamos diversas excursões guiadas, pessoas avulsas e aventureiros experimentados. Na verdade rolou até uma incerteza quanto as barracas que ficaram no local que acampamos, ao lado da trilha. Mas elas estavam lá intactas. Arrumamos nossas coisas e nos despedimos das montanhas e dos fiordes noruegueses. Com muitas fotos, ótimas recordações e desejo de retornar um dia, seguimos viagem dando uma passadinha em Oslo e rumando para Estocolmo onde passamos alguns dias com os amigos.